quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Petróleo - Origens Geológicas (5): Aprisionamento do Petróleo

Um dos requisitos para a formação de uma jazida de petróleo é a existência de armadilhas ou trapas, que podem ter diferentes origens, características e dimensões.

Admitindo-se diferentes bacias sedimentares, de dimensões equivalentes, contendo rochas geradoras com potenciais de geração de hidrocarbonetos também equivalentes, dados pêlos seus teores de matéria orgânica e condições termoquímicas, os volumes de petróleo a serem encontrados poderão ser os mais distintos, desde volumes gigantescos em umas até insignificantes em outras, isso dependendo de seus graus de estruturação, da existência e inter-relação das armadilhas e dos contatos que essas armadilhas propiciem entre rochas geradoras e reservatórios. Em última instância, de nada vale uma bacia sedimentar dotada de rochas potencialmente geradoras e reservatórios se não estiverem presentes as armadilhas contentoras da migração. O termo armadilha tem conotação ampla e engloba todas as variantes de situações em que possa haver concentração de hidrocarbonetos.

O desenvolvimento de condições para o aprisionamento de petróleo pode ser ditado pela geração de esforços físicos que vão determinar a formação de elementos arquitetônicos que se transformam em abrigos para a contenção de fluidos. A formação de uma armadilha pode prescindir da atuação de esforços físicos diretos. E o caso das acumulações resultantes das diferenças entre os sedimentos, ou da atuação de causas hidrodinâmicas.

Convencionalmente, as armadilhas são classificadas em estruturais, estratigráficas e mistas ou combinadas, embora nem sempre na prática sejam simples as suas individualizações. As armadilhas mais prontamente descobertas em uma bacia têm controle dominantemente estrutural e detêm os maiores volumes de petróleo. Elas são respostas das rochas aos esforços e deformações, e nesse tipo enquadram-se as dobras e as falhas.


Em 1860, ano seguinte à perfuração do poço pelo Cel. Drake na Pensilvânia Henry D. Rogers, da Universidade de Glasgow, mostrou que aquela ocorrência tinha controle estrutural. Daí por diante, todo o sucesso inicial da exploração de petróleo nos Estados Unidos se baseou na aplicação desse princípio, verificando-se que todos os grandes reservatórios de petróleo situavam-se em dobras do tipo anticlinal, embora nem todas as anticlinais fossem portadoras de petróleo.

As anticlinais dobradas englobam grandes volumes de petróleo e nelas está situada a maioria dos campos gigantes. São de fácil identificação tanto por métodos geológicos de superfície quanto por métodos geofísicos.

E comum à ocorrência de campos gigantes em áreas anticlinais afetadas por falhamentos, como, por exemplo, nas áreas de Ghawar no Oriente Médio com 2 275 km², Hassi R'Mel, com 2.600 W e o campo de Samotior, o maior da União Soviética, com 2.000 km².

As falhas desempenham um papel relevante para o aprisionamento de petróleo ao colocar rochas reservatório em contato com rochas selantes. O modelo de aprisionamento com base em sistemas de falhas é aplicado com sucesso nas bacias sedimentares brasileiras, principalmente na do Recôncavo e nas bacias costeiras.

As armadilhas estratigráficas não têm relação direta com os esforços atuantes nas bacias sedimentares, e são determinadas por interações de fenômenos de caráter paleogeográfico, caso dos paleorrelevos, e sedimentológicos como as variações laterais de permeabilidade.

Como exemplos de aprisionamentos estratigráficos nas bacias brasileiras ocorrem acumulações na Formação Candeias, no Recôncavo e na Bacia do Ceará onde arenitos intercalam-se com folhelhos nos campos de Xaréu, Espada e Atum Um exemplo de aprisionamento paleogeográfico é a acumulação do campo de Fazenda Belém, na Bacia Potiguar.


As armadilhas combinadas ou mistas compreendem aquelas situações em que as acumulações de hidrocarbonetos têm controle tanto de elementos estruturais quanto estratigráficos. Exemplos deste tipo encontram-se na Bacia Potiguar, nos campos de Baixa do Algodão, Mossoró, Alto da Pedra e Canto do Amaro. Encontram-se também na Bacia do Espírito Santo, onde reservatórios da formação Barra Nova apresentam-se em acumulações controladas estruturalmente por falhas e arqueamentos provocados por movimentação de sal.


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